Santo Antão, o patrono dos eremitas, o monge mais ilustre da Igreja Antiga, o grande Padre do Deserto, nasceu no ano 251, em Comã, no Egito, filho de família  rica e de  pais cristãos. Cedo  perdeu os pais que deixaram uma herança considerável para ele e para sua irmã mais nova. As palavras do Evangelho ouvidas durante uma missa, “Se queres ser perfeito, vende tudo o que tens, dá aos pobres e segue-me”,  encontraram eco em seu coração. Antão resolveu abandonar tudo, retirar-se para o deserto e viver uma vida de trabalho,  oração e penitência.  Depois de algum tempo, fixou-se às margens do Rio Vermelho onde viveu como eremita durante 80 anos.  Embora não tenha sido o pioneiro da experiência de vida no deserto, seu modo de viver teve uma repercussão enorme em toda a Igreja, e a fama de sua santidade atraiu muitas pessoas que se confiavam espiritualmente à sua direção. Sua extraordinária experiência como eremita chamou a atenção de bispos, padres e monges que o procuravam em busca de conforto e conselhos. Quando, em 311, começou a perseguição de Maximino contra os cristãos, Santo Antão saiu de sua solidão para animar e confortar os irmãos perseguidos. Terminada a perseguição, em 312, Antão retirou-se para o monte de Colzim, ou monte de Santo Antão, onde continuou a vida como eremita. Embora distante do barulho do mundo, não ficou imune às tentações, mas a todas venceu com as  armas da oração e da penitência. Apesar de rigoroso e austero consigo mesmo, era compreensivo e humaníssimo com todos. Antes de morrer pediu que lhe dessem um sepultamento simples e que não revelassem a ninguém o local de seu túmulo. Morreu no dia 17 de janeiro de 356, aos 105 anos, totalmente lúcido. Em 561 seu  corpo foi descoberto e transportado para Alexandria e, em 635, para Constantinopla e finalmente para a igreja de São Julião, em Arles.

Hoje santo Antão, que optou por viver no deserto não por egoísmo, nem  para fugir  das lutas  da sociedade, mas para ouvir o próprio coração e no silêncio da oração encontrar-se  com Deus, nos fala da necessidade de criarmos zonas de deserto para um encontro mais profundo com Deus. Falo de um deserto que não é necessariamente  um lugar geográfico, mas sobretudo um momento de quietude interior e crescimento espiritual. Precisamos ir ao deserto, precisamos fazer deserto,  porque é nesse encontro singular, pessoal e íntimo com Deus que, como Santo Antão,  nós  restauramos nossas forças para irmos ao encontro dos irmãos, para  com eles lutarmos por mais justiça e paz.

ARQUIDIOCESE DE SÃO SALVADOR DA BAHIA

BRASIL

São  Pedro

Paróquia de

17 DE JANEIRO

SANTO ANTÃO

FONTE: LIVRO SANTIDADE ONTEM E HOJE, POR ZÉLIA VIANNA, PUBLICADO PELA PARÓQUIA DE SÃO PEDRO

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